Estou em São Paulo.
Pro Rio fui com o sol, pra cá vim com o frio.
Acabei minhas pedaladas, nesta caminhada, pelo litoral, na cidade mais exuberante que passei. Rio.
E vou acabar os escritos na minha cidade natal.
Voltei pra casa mais uma vez.
A vinte e tantos anos que faço esse retorno.
e nunca volto. chego. mas não volto.
Sempre tento encontrar a natureza que me gerou, e o que encontro é um misto de mixtos, uma massa amorfa de imprecisões. Diferente da crença de que natureza é passível de compreensão, de mensuração, de definição. Encontro apenas a possibilidade de que esse caos é minha natureza, que vem de um baiano, uma portuguesa, uns de perto, uns de longe, uns pouco, outros menos. Sem um lugar, sem uma raiz definidora. fatores que facilitam a perdição, no sentido católico também, mas falo no sentido geográfico. onde?
Enquantum isso vai si ordenando, vou vendo a paissagem.
As cores insaturadas do frio são quetionadoras, você tem que dedicar mais atenção para compreendê-las. Com sol as coisas são mais obvias.
Quando cheguei, peguei 13 grauss. Estava na pilha, com "fome de tudo", o frio não fez dor, foi só cenário. De bermuda e chinelos ia com manipura pegando fogo, foi fácil. Porém bastou dois dias pra o frio chegar na espinha e endurecer os dedos, e ainda escutar "você não viu nada".
"Passei bem perto do chão", rasteiras, pernadas, brigas de faca, eles me viram mas eu não os vejo ainda.
Um Abismal, "maloqueiro não se assombra com qualque coisa".
Sento no beiral e fico esperando as decisões.
Alguns trabalhos pra trabalharador, e pensar menos é a primeira. Ainda de fastio.
As idéias são mais complexas nas zonas geladas, prefiro a simplicidade do calor do mar.
Rio de Janeiro, ainda quero conhecer mais, santa tereza é uma olinda pra bondinho.
Aos bicicleteiros ou somente cicleiros, tenho algumas recomendações:
1) O litoral de Alagoas é um paraíso para o corpo. As planitudes dos caminhos deixam os olhos mais livres aos belissimentos. De Maragogi à Penedo são, por volta de, 250 km de belezas e facilidade para o corpo. O trecho que aconselho à todos é de Japaratinga à Barra de Santo Antônio por baixo, pois a BR passa ao longe, possibilitando paisagens mais preservadas e caminhos sem caminhões ou trânsito. Existem algumas barras de rios para se atravesar, mas quando não há balsa, existem barqueiros que passam cada pessoa com sua bicicleta por 1 realis.
Para quem pensa em fazer pela areia da praia, precisa estar bem leve, mas nesse caminho a estrada passa sempre perto, é só parar e dar uma caminhada de no máximo 15 min e priu. marzão. É um dos trecho que ainda vasculharei mais.
Ainda penso em fazer todo o litoral de Alagoas a pé e pela praia. bem leve. De Maragogi ao Peba.
Um trecho que me deixou curioso é o do Gunga pra Jequiá pela areia da praia, falesias e boca de rio "é bóia".
Do Pontal de Coruripe até o Miaí de Cima é tranquilo de bicicleta pela praia. mesmo pesada. maré seca e pode se ir até mais longe, Feliz Deserto ou até à voz da maré. A rodovia também é limpeza, canteiros de flor do rosto, bunito.
As dunas do Peba também me deixou de orelhas em pé, quero voltar pra conhecer.
"a gente só faz o que pode".
2) Sergipe é bruto. Onde se localiza a beleza do bruto?
isso, isso. no fundo. Mas pra ir fundo é preciso sentir dor. Pra alguns ter que desembolsar alguns para um helicóptero, outros uns arranhões na pele e cansaço no corpo, outros a perda de algumas tecnologias...hehe.
De Neopólis até o mar é um bom caminho, mas de uma próxima vez tentarei um barco que atravesse a foz do São Francisco do Pontal da Barra(AL) até o Pontal do Arambipe(SE), ou de Potenji e dar uma passeada pelas ilhas do rio, Ilha da Fitinha e outras até o Cabeço.
Porém é um trecho que ainda precisa de uma pesquisada in loco, pois é importante saber qual o melhor caminho pro transporte escolhido, ou qual o transporte para o caminho escolhido.
De Pirambu pra Aracaju não tive curiosidade pela praia, porém a estrada de asfalto não é para bicicletas. Em dias de semana pode ser mais tranquilo, mas sem acostamento é foda.
As dunas e os campos do norte são engrandecedores.
dos 12 km ao norte do projeto TAMAR, em Pirambu, podem ser feitos de bicicleta na maré seca, acredito ser esse o padrão desde o velho Chico. Maré seca. Ah! se tivessemos 3 luas cheias no mês. As noites seriam mais iluminadas.
O sul me deixou curioso, mais preciso entre praia do Saco e Mangue Seco, quero descobrir a possibilidade de atravessar a boca do rio Real por baixo. Mangue Seco, saudade de um expectativa. na próxima.
3)A Linha Verde é preciso fazer devagar, porém motorizado. Uma moto seria o ideal, tenho na minha idéia. Conde, Itariri, Subaúma, Massarandupió, Costa Azul, Praia do Forte, Arembepe..., entar e sair com paciência e motor.
4) Morro de São Paulo, Camamu, Barra Grande até Itacaré merecem uma viagem só. quando for lá, vá só pra lá. tem muita coisa. Acho possivel ser feito de bike, mas vai ter bastante barco.
5) De Itacaré para Ilhéus também deve ser massa.
6)A Rota do Descobrimento é o segundo paraíso pra os cicloturistas. Pegue um Barco em Canavieiras, 1 hora e meia por entre os becos dos mangues dos rios Pardo e Jequitinhonha. Desce em Belmonte e vapuu. (Ainda chamam os portugueses de burros).
Mugiquiçaba, Guaiú, Santo Antônio, Santo André, Cabrália, porto seguro, Arraial e Trancoso.
Chuchu beleza, tem pra tudo que é gosto. mas não se economiza nas belissitudes, porém a luta entre indios e ricaços do brazil, fecham algumas portas. De um lado as reservas, que ainda tem uma certa abertura, e do outro os endinhaerados que fecham tudo, cães bravos, soldados que se vestem de matrix, e nois comendo poeira de suas hi luxss.
Porém essa loucura, possibilita a visão de verdadeiras vilas globais, "ta vendo aqueles galêgos ali, com cara de longe, nasceram aqui, são nativos", ruas de comércio onde indios, negros, bretãos, germânicos e outros, são todos nativos.
Qual é mais natural, se discute? Os indios? De onde, da Índia?
7)De Trancoso até Corumbal, aconselho, de coração, façam à pé.
o caminho tem que ser pela praia, pois a estrada de terra mais próxima do mar, fica longe.
É o trecho que cruza a Reserva Monte Pascoal, onde ainda vivem indios Pataxós. Vale subir em Caraívas(que fica bem na beira do mar), e em Barra Velha, que fica uma pouco mais a cima, mas é uma locolidade onde precisa ser indio pra se habitar. Umas berlotas do solto abrem algumas portas. Eles não podem cultivar, tem fiscalização dos própios indios. Coisa de empresa que tem que estar legal.
8)De Corumbal até Cumuru, fiz por uma estrada de terra batida, que segue a beirar o mar uns 10km, depois se afasta e dá uma volta danada. Mas já soube que dá pra fazer por baixo, passando pela Barra do Cahy, porém eu faria a pé pela praia. 26 km.
Na minha bike, 1 hora de carro é igual a um dia de pedal, e uma hora de bike é um dia andando. isso com a estrada sem muitos desafios. plano.
Na verdade, de Trancoso à Cumuruxatiba tem que ser feito à pé. é muita coisa pra se ver e fazer.
9)Ainda na Bahia, fiquei também curioso com o trecho de barco de Caravelas até Nova Viçosa, que se for em dia de semana tem que se fretar um barco, pra isso é importante ter gente, porém se for no sábado pode se pegar um lotação, pois tem o pessoal da feira que parte por volta de meio dia uma da tarde. deve ser massa.
E de Nova Viçosa pra Itaúnas é uma toada só, passando por Mucuri. E depois ES.
10)Espirito Santo inteiro foi uma desistência. Ainda volto. Degredo, Povoação, Regência(quero ver o Rio Doce), Santa Cruz, Setiba, Guarapari, Piúma, Marataízes, Neves...
11)Rio de Janeiro. Curiosidade no norte: Atafona e Quissamã. De Macaé pra Buzios, passando por Rio das Ostras(quem gosta de Jazz, é o pico durante o mês de maio, 21 à ...) e Barra de São João, achei sem graça, porém de Buzios até o Rio vale pedalar. Buzios, Cabo Frio e Arraial valem uns 15 dias pra ver. passei rápido por isso ainda volto.
Depois do Arraial segue o trecho das restingas e lagoas, com estradas planas, não muito boas para ciclistas, mas a pouca densidade de carros ajuda. De um lado o mar do outro a lagoa. Terceiro paraíso do pedal que passei.
Depois a estrada sobe um pouco pra Araruama e Bacaxá, mas vale ver qual é de ir pela praia. Itaúna até Saquarema. Ô mar de onde forte da besta fera.
De Saquarema até Ponta Negra(que eu só queria chamar de Pedra Negra) tem uma estrada com inicio de asfalto até Jaconé depois de barro batido, esta bem esburacada mas viável.
De Ponta Negra até Maricá a estrada continua de asfalto beirando o mar. caminho fácil.
De Maricá até Itaipu-Açu, o caminho é de restinga e próximo da praia, mas soube que também pode ser feito pela areia, maré seca e coisa e tal. De Iatipu-Açu pode se subir 2km até uma estrada que ruma pra Itaipu ou ir pela areia. Eu não fiz esse caminho, pois subi antes pra Inoã e peguei a BR até o Rio, trampo feio e desgastante.
Incentivo desbravarem a serra da Tiririca por baixo, soube de uma subida ferroz de Itaipu-Açu pra Itacoatiara e depois é Camboinhas, Praia do Sossego, Piratininga as chamadas praias oceânicas de Nitéroi.
11)Quero conhecer algum cicloturista que fez o sul do Rio, outra desistência minha.
é isso.
Ainda sou um medroso, mas um pouco mais consciente de meus limites, gracidades, belessimentos, abismais, meândros, situidades e clarecitudes. Não diferente mas resignado.
Mais dolorido e mais sereno, menos culpado mais inocente. Não fiz por méritos fiz por merecer.
Não fiz por coragem fiz por ignorância. fiz pela minha idade, fiz pelo meu caminho, fiz por poder.
Só fiz porque podia. fiz por indecisão, imprecisão e inadequação.
Consegui me decidir e me precisar, mas continuo inadequado. doido pra se aquietar, não por fora pois nesse já sou, mas por dentro. uma rotina. precisa. preciso.
Aos amigos, que se enclarecem aos anos, grato pelo pensamento, me salvou um bocado.
Á familia, aqueles que são e que se consideram, incondicionaus.
Ólheo a província paulistana de uma janela fria, vejo os outros que não me vêem, o céu ficou bunito hoje, ficar ao sol é lagartar. Conheci os suícidas, os homícidas, os floricidas, os criadores, os doloridos, os babões e os lúci-feres(-dos), as ninfas e as rainhas, as pedras e os lamas, o de verdades e os de bricadeiras, os escondidos e os expandidos, minha humanidade, cadê minha natureza, taí, num tem pegunta sem resposta, elas se respondem, é só parar de falar e começar a escutar. É velho mas ainda é vivo. e se é vivo é porque se faz necessário.
O bom da subida é a descida.
subi.
agora é olho vivo, mão de cara pro freio, e banguela nela.
cuidado!
vida na pista.
e até a próxima súbida.
p.s.
ainda postarei os desenhos
quarta-feira, 30 de abril de 2008
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Rio de Abril
A paisagem vem mudando aos poucos.
Coqueiros,
canaviais, coqueiros, restingas, coqueiros, canaviais, dunas, as cidades são muito pequenas no meio do mundo, mata atlântica, dunas, restingas, manguezais, céu, céu, o tempo todo, céu é quando o olho tá com estiga, chão é quando o olho tá cansado, as amendoeiras(castanheiras ou coração de nêgo) na beira da praia fazem a melhor sombra, corais, coqueiros, restingas, manguezais, rodagens é onde as rodas rodam, nas vias do cacau não vi cacau, vi um monte, um monte pascoal, um monte gigante de pedra, a primeira pedra gigante, aueri, a paisagem mudou aos poucos, pedras gigantes nos diminuem, vitória é gigante de pedras e de água, morro do moreno vira penumbra entre monte pascoal e corcovado.
De Campos fui pra Macaé de ônibus, chego lá às 10 da manhã. ''Escola Municipal de Pescadores'' chama atenção. Pedras gigantes ao longe, mar entre pedras menores, e nuvens cinzas no alto.
Na rodoviária, me um senhor me serve chocolate quente de graça, ''já tô indo pra casa''. beleza.
Procuro meu guia, e pé girão.
De lá vou beirando mar passando por Rio das Ostras, Barra de São João, Buzios e Cabo Frio.
Durmo no Camping Ar Livre, seo Vanderlei via Rambo 4, e entre metralhadores que rancam cabeças, me pede a identidade, sabe como é né, pra me identificar...
Acordo 4:20, arrumo as coisas, dou uma passada no ''café do trabalhador''', uma espécie de drive true gratuito de café com pão, quente pedal na ponte.
Rumo em busca da restinga de Massambaba. O mato da beira da pista, dá minha altura, bate na cara.
Monte Alto, Figueira... De um lado a lagoa de Araruama, bem pertinho. Um pouco mais longe, trás das dunas e do outro lado, o mar.
''Alagô as 'dunas' do meu coração''
pedalo com pressa no pé e calma n'alma. Meio dia chego em Saquarema, 90 km depois em 7 horas de transe.
Alomoço na Pensão de Naná, Inaiara e Solange me servem o mais farto e mais barato almoço de toda viagem, um frango empanado com fritas, arroz, feijão, macarrão e salada, por 4 reais.
Nessa me veio que fome é a saudade no estômago.
Refeito.
Pressa na mente, pois Solange me diz que ainda me faltam 100km até Nitéroi. Tremi. pois nos meus cálculos seriam de 50 à 60.
Até então a maior kilometragem foi de Olivença pra Canavieiras, 12o e poucos.
90 + 100, sabia que ia conhecer meu limite.
eu conheci.
Sai de saquarema pela orla como destino a Pedra Negra, passando por Jaconé.
Mar de ondas impressionantemente fortes. As maiores ondas que já vi de perto.
muita gente na praia, mas ninguém na água.
Em Pedra Negra de 14 horas, correr correr correr. Quero chegar no Rio hoje.
Continuo pela praia até Maricá.
Procuro outro guia. Encontro num posto de gasolina.
As nuvens me sombreiam.
Ele diz que ir pela restinga de Maricá a estrada é de terra, e que seria muito dificil ir pela praia até Nitéroi, pois eu não conhecia as trilhas pela serra da Tiririca.
Desisti no ato. ''Mas tem uma estrada depois da lagoa que sai em Inoã, e você pode pegar a BR"'
Foi essa mermo.
No caminho, cruzo com dezenas de trabalhos de umbanda, nem na Bahia tinha visto isso.
''Água que cai do céu é chuva''
Tinha esquecido como era.
Chego na beira da BR e pergunto prum confortável leitor, se essa rodovia me levaria ao Rio.
Ele olha com semirisada e descrença, era a força que em faltava.
A Nação Zumbi me acompanha por mais alguns metros e a energia do mp3 já era.
BEERREZÃO.
chuva, vrum, vrum, chuva.
chiiiii, vrum, pauleira, tava seguro no pedal.
quando a perna amolecia, o juízo botava gás.
eu tinha certeza que ia chegar. mas ainda me faltava comprir algumas provas.
Primeira:
sempre desconfie de uma poça d'água.
segunda:
se caminhão faz onda grande, ou leva lama na cara ou diminua o ritmo.
terceira:
''É melhor perder 5 min na vida do que perder a vida em 5 minutos''
quarta:
quando ver a placa com o nome de seu destino, não relaxe, a viagem só acaba quando termina.
Chego em Nitéroi as sete e meia, chuva pesada, fluxo intenso.
Placa curiosa: Retorno Caramujo.
retornar o caraí, quero é ir pra frente.
Procuro as barcas, ali em frente, depois esquerda, tal e tal, pronto.
Tô bem relaxado andando num terminal rodoviário próximo da barca, cheio de gente, hora do rush, quando por uma sombra me lembro, ''ei meu irmão, se ligue, cê tá no rio''
já dou uma bizoiada arround, pra ver se tem malandro de oio no matuto.
nada
tudo limpeza.
a bicicleta é uma pessoa MAIS CARA na barca.
vento frio e não consigo ver o as gigantes pedras do Rio. (que na vera é uma baía.)
Vou pro Flamengo, via Rio Branco, Machado alguma coisa, Hotel Glória e pumba. tô na vala.
agora sim é hora de relaxar.
Saulo e Marta tavam sem saber de mim
nunca gostei de telefones :)
Alojado. e chapado, o Rio é foda.
E eles ainda acham que português é burro. hãn!
Belessimentos que vazam a boca, belissitudes que esborram os olhos. ahhhhh!
estou com fome no coração.
de uma e de uns,
agora sou eu que leva a bicicleta nas costas, brava guerreira, me salvou várias vezes.
azul da proteção, sem nome e forte como um cavalo do sertão.
relaxando, laxando, ando, meio parado.
Coqueiros,
canaviais, coqueiros, restingas, coqueiros, canaviais, dunas, as cidades são muito pequenas no meio do mundo, mata atlântica, dunas, restingas, manguezais, céu, céu, o tempo todo, céu é quando o olho tá com estiga, chão é quando o olho tá cansado, as amendoeiras(castanheiras ou coração de nêgo) na beira da praia fazem a melhor sombra, corais, coqueiros, restingas, manguezais, rodagens é onde as rodas rodam, nas vias do cacau não vi cacau, vi um monte, um monte pascoal, um monte gigante de pedra, a primeira pedra gigante, aueri, a paisagem mudou aos poucos, pedras gigantes nos diminuem, vitória é gigante de pedras e de água, morro do moreno vira penumbra entre monte pascoal e corcovado.
De Campos fui pra Macaé de ônibus, chego lá às 10 da manhã. ''Escola Municipal de Pescadores'' chama atenção. Pedras gigantes ao longe, mar entre pedras menores, e nuvens cinzas no alto.
Na rodoviária, me um senhor me serve chocolate quente de graça, ''já tô indo pra casa''. beleza.
Procuro meu guia, e pé girão.
De lá vou beirando mar passando por Rio das Ostras, Barra de São João, Buzios e Cabo Frio.
Durmo no Camping Ar Livre, seo Vanderlei via Rambo 4, e entre metralhadores que rancam cabeças, me pede a identidade, sabe como é né, pra me identificar...
Acordo 4:20, arrumo as coisas, dou uma passada no ''café do trabalhador''', uma espécie de drive true gratuito de café com pão, quente pedal na ponte.
Rumo em busca da restinga de Massambaba. O mato da beira da pista, dá minha altura, bate na cara.
Monte Alto, Figueira... De um lado a lagoa de Araruama, bem pertinho. Um pouco mais longe, trás das dunas e do outro lado, o mar.
''Alagô as 'dunas' do meu coração''
pedalo com pressa no pé e calma n'alma. Meio dia chego em Saquarema, 90 km depois em 7 horas de transe.
Alomoço na Pensão de Naná, Inaiara e Solange me servem o mais farto e mais barato almoço de toda viagem, um frango empanado com fritas, arroz, feijão, macarrão e salada, por 4 reais.
Nessa me veio que fome é a saudade no estômago.
Refeito.
Pressa na mente, pois Solange me diz que ainda me faltam 100km até Nitéroi. Tremi. pois nos meus cálculos seriam de 50 à 60.
Até então a maior kilometragem foi de Olivença pra Canavieiras, 12o e poucos.
90 + 100, sabia que ia conhecer meu limite.
eu conheci.
Sai de saquarema pela orla como destino a Pedra Negra, passando por Jaconé.
Mar de ondas impressionantemente fortes. As maiores ondas que já vi de perto.
muita gente na praia, mas ninguém na água.
Em Pedra Negra de 14 horas, correr correr correr. Quero chegar no Rio hoje.
Continuo pela praia até Maricá.
Procuro outro guia. Encontro num posto de gasolina.
As nuvens me sombreiam.
Ele diz que ir pela restinga de Maricá a estrada é de terra, e que seria muito dificil ir pela praia até Nitéroi, pois eu não conhecia as trilhas pela serra da Tiririca.
Desisti no ato. ''Mas tem uma estrada depois da lagoa que sai em Inoã, e você pode pegar a BR"'
Foi essa mermo.
No caminho, cruzo com dezenas de trabalhos de umbanda, nem na Bahia tinha visto isso.
''Água que cai do céu é chuva''
Tinha esquecido como era.
Chego na beira da BR e pergunto prum confortável leitor, se essa rodovia me levaria ao Rio.
Ele olha com semirisada e descrença, era a força que em faltava.
A Nação Zumbi me acompanha por mais alguns metros e a energia do mp3 já era.
BEERREZÃO.
chuva, vrum, vrum, chuva.
chiiiii, vrum, pauleira, tava seguro no pedal.
quando a perna amolecia, o juízo botava gás.
eu tinha certeza que ia chegar. mas ainda me faltava comprir algumas provas.
Primeira:
sempre desconfie de uma poça d'água.
segunda:
se caminhão faz onda grande, ou leva lama na cara ou diminua o ritmo.
terceira:
''É melhor perder 5 min na vida do que perder a vida em 5 minutos''
quarta:
quando ver a placa com o nome de seu destino, não relaxe, a viagem só acaba quando termina.
Chego em Nitéroi as sete e meia, chuva pesada, fluxo intenso.
Placa curiosa: Retorno Caramujo.
retornar o caraí, quero é ir pra frente.
Procuro as barcas, ali em frente, depois esquerda, tal e tal, pronto.
Tô bem relaxado andando num terminal rodoviário próximo da barca, cheio de gente, hora do rush, quando por uma sombra me lembro, ''ei meu irmão, se ligue, cê tá no rio''
já dou uma bizoiada arround, pra ver se tem malandro de oio no matuto.
nada
tudo limpeza.
a bicicleta é uma pessoa MAIS CARA na barca.
vento frio e não consigo ver o as gigantes pedras do Rio. (que na vera é uma baía.)
Vou pro Flamengo, via Rio Branco, Machado alguma coisa, Hotel Glória e pumba. tô na vala.
agora sim é hora de relaxar.
Saulo e Marta tavam sem saber de mim
nunca gostei de telefones :)
Alojado. e chapado, o Rio é foda.
E eles ainda acham que português é burro. hãn!
Belessimentos que vazam a boca, belissitudes que esborram os olhos. ahhhhh!
estou com fome no coração.
de uma e de uns,
agora sou eu que leva a bicicleta nas costas, brava guerreira, me salvou várias vezes.
azul da proteção, sem nome e forte como um cavalo do sertão.
relaxando, laxando, ando, meio parado.
sábado, 19 de abril de 2008
Fantasiações
Vila Velha, Vitória.
Grato à Euzi, Silvana, Val, Cláudio, Gilberto, Janine e a todos os outros que me fizeram sorrir. Em especial Elisa e Léo, que já têm lugar na janela.
"Lajedo tão grande, tão grande de aruanda êh"
E a pedra miúda, tipo cara sujo ou mujo, monta num câmelo e desbrava as veredas da quadrada das águas achadas. De Vila pra Vitória não tem caminho saudável pra ciclista, deixo aqui e nos ouvidos de todos que lá encontrei, minha indignação sobre este fato.
Não existe barca nem balsa e nas pontes novas não se pode andar de bicicleta, ou seja, de 15 a 20 km de curva para se fazer o que em reta seria uns 5km, pócando.
Poeira da Carlos Lindenberg, tensão na Florentino Avidios e perigo de Morte na beira mar com os motoristas da "cidade de vitória".
Não vi trabalhadores ciclistas, os que pedalavam era por saúde, e apenas nos trechos de ciclovias, que existem mas são poucos e feito para os que pedalam por saúde.
QUERO PODER ME TRANSPORTAR DE BICICLETA DENTRO DOS CENTROS URBANOS. e manter minha saúde física, mental e espiritual.
Voto para que cada rua possua, de um dos lados, pelo menos 1 metro e meio para os pedaleiros, e com separação de gelo baiano da via dos carros. vias, rodovias, ciclovias, calçadas, acostamentos e respeitamentos para todas as forças, velocidades e dimensões. "estrada de rodagem foi feita pra caminhão, arara oro arara, ararororão"... "duvido você dizer rara arara lora lisa!..."
De segunda a sexta, vi vitória e vila velha divididas por um mar com cara de rio. Rio, sorrio.
Vim pra Campos dos Goytacazes de carona num Motorhome(trailer, casa carro..). Nunca tinha andando num atém então. Seo Gilberto, pai de Elisa. presidente fundador capitão da associação capixaba de veículos de recreação. Veio ele, eu e Léo(filho de Elisa, e parceiro de winning eleven),
o camêlo veio deitado de pneu furado, no bagageiro.
Paisagem semi serrana, nuvens como auréolas de montanha, sol de banda e lua de ôio grande:)
Campos. Centro, rua Manhães Barreto, cadê Yuri?
tô pra conhecer um cabra de mais sorte que eu.
de pneu furado, seo Gilberto me deixa no Centro, com pressa e sem conhecer a cidade.
uma perguntada prum mestre taxista, e de meia banda caio na porta do prédio, nem uma perdidinha. 8hs da noite. só o filé. banhado e maturado.
"Eu gosto mesmo é de mamão, de lima, de carambola, de caja, de graviola, de oiti, de fruta pão, de laranja, e de limão, e de maracujá açu, mas esse tal de caju é uma frutinha tão safada, eitá fruta desgraçada, ela só presta com pitú..."
Já teve festinha, comida boa e cerveja gelada.
Religião e Ciência, consciência e conexão, reconexão, reconscientização, "ctrl alt delet", "cantador você num canta o côco porque num quer", "quá quá, subo nu pé de coqueiro e tiro o côco sem quebrá". noite de duelos e construções.
"pisou com leveza gravitacional", nem tanto.
de Campos pra os campos, um respiro de um "caranguejo da praia das virtudes",
Pedro tá com a namorada em Cabo Frio, chego lá segunda. uma vela a mais. uma praia a mais. um frio mais perto. um dia a menos.
um cara mucho
Grato à Euzi, Silvana, Val, Cláudio, Gilberto, Janine e a todos os outros que me fizeram sorrir. Em especial Elisa e Léo, que já têm lugar na janela.
"Lajedo tão grande, tão grande de aruanda êh"
E a pedra miúda, tipo cara sujo ou mujo, monta num câmelo e desbrava as veredas da quadrada das águas achadas. De Vila pra Vitória não tem caminho saudável pra ciclista, deixo aqui e nos ouvidos de todos que lá encontrei, minha indignação sobre este fato.
Não existe barca nem balsa e nas pontes novas não se pode andar de bicicleta, ou seja, de 15 a 20 km de curva para se fazer o que em reta seria uns 5km, pócando.
Poeira da Carlos Lindenberg, tensão na Florentino Avidios e perigo de Morte na beira mar com os motoristas da "cidade de vitória".
Não vi trabalhadores ciclistas, os que pedalavam era por saúde, e apenas nos trechos de ciclovias, que existem mas são poucos e feito para os que pedalam por saúde.
QUERO PODER ME TRANSPORTAR DE BICICLETA DENTRO DOS CENTROS URBANOS. e manter minha saúde física, mental e espiritual.
Voto para que cada rua possua, de um dos lados, pelo menos 1 metro e meio para os pedaleiros, e com separação de gelo baiano da via dos carros. vias, rodovias, ciclovias, calçadas, acostamentos e respeitamentos para todas as forças, velocidades e dimensões. "estrada de rodagem foi feita pra caminhão, arara oro arara, ararororão"... "duvido você dizer rara arara lora lisa!..."
De segunda a sexta, vi vitória e vila velha divididas por um mar com cara de rio. Rio, sorrio.
Vim pra Campos dos Goytacazes de carona num Motorhome(trailer, casa carro..). Nunca tinha andando num atém então. Seo Gilberto, pai de Elisa. presidente fundador capitão da associação capixaba de veículos de recreação. Veio ele, eu e Léo(filho de Elisa, e parceiro de winning eleven),
o camêlo veio deitado de pneu furado, no bagageiro.
Paisagem semi serrana, nuvens como auréolas de montanha, sol de banda e lua de ôio grande:)
Campos. Centro, rua Manhães Barreto, cadê Yuri?
tô pra conhecer um cabra de mais sorte que eu.
de pneu furado, seo Gilberto me deixa no Centro, com pressa e sem conhecer a cidade.
uma perguntada prum mestre taxista, e de meia banda caio na porta do prédio, nem uma perdidinha. 8hs da noite. só o filé. banhado e maturado.
"Eu gosto mesmo é de mamão, de lima, de carambola, de caja, de graviola, de oiti, de fruta pão, de laranja, e de limão, e de maracujá açu, mas esse tal de caju é uma frutinha tão safada, eitá fruta desgraçada, ela só presta com pitú..."
Já teve festinha, comida boa e cerveja gelada.
Religião e Ciência, consciência e conexão, reconexão, reconscientização, "ctrl alt delet", "cantador você num canta o côco porque num quer", "quá quá, subo nu pé de coqueiro e tiro o côco sem quebrá". noite de duelos e construções.
"pisou com leveza gravitacional", nem tanto.
de Campos pra os campos, um respiro de um "caranguejo da praia das virtudes",
Pedro tá com a namorada em Cabo Frio, chego lá segunda. uma vela a mais. uma praia a mais. um frio mais perto. um dia a menos.
um cara mucho
terça-feira, 15 de abril de 2008
Vitória
1.260 km rodados.
Não digo mais que estou viajando de bicicleta, agora estou viajando com a bicicleta.
Chego em Vitória depois de cruzar o norte capixaba de busão. Mas toda viagem tá sendo viagem.
O ônibus ficou parado na estrada por 2 horas, por causa de um acidente de trânsito.
Fomos o quinto carro a chegar. Acidente mortal. Fim de tarde de pôr de sol.
Corpos frágeis, de gravetos e manteiga.
Erro Fatal. "sanguê, sanguê, sanguê." A multidão de viciados pelo estranho, pelo dantesco, de butuca na porta do inferno, que fica topada, até o céu da boca, de curiosos.
Me lembro da primeira vez que vi um corpo morto, eu chegava da escola, também pôr do sol, o ônibus parou num trânsito, já estava perto de casa, a maioria desce pra ir andando, cruzamos a ponte onde uma multidão embrulhava um escultura de aço, muitos faróis, lanternas, o azul celeste só restava junto ao laranja no topo da barreira, e entre pernas e bundas eu vi ele sentado, com a cabeça descançada no volante. não fazia a ligação entre aquilo e alguém, era como a nova atração do circo, "orgulhosamente apresentamos, um morto". Um ser, uma entidade, com identidade de morto.
Dessa vez me esforcei pra ver vida pro trás da lona. O que ele devia pensar? Do quê ele gostava de fazer? Ele era um bom contador de piadas? Ele cuidava da mãe? Ele gostava de ler?
Que vida se depõe naquele morto. Os parentes chegam. Apenas uma chora. Qual o aprendizado do morto no segundo da morte?
Crio um personagem, imagino uma vida, e mato.
Chego em Vitória 12 da noite. Sou recebido por Elisa.
Vila Velha não é velha, praia bunita de gente e prédios novos.
A penumbra entre a Bahia e o Rio.
Sorrio.
Não digo mais que estou viajando de bicicleta, agora estou viajando com a bicicleta.
Chego em Vitória depois de cruzar o norte capixaba de busão. Mas toda viagem tá sendo viagem.
O ônibus ficou parado na estrada por 2 horas, por causa de um acidente de trânsito.
Fomos o quinto carro a chegar. Acidente mortal. Fim de tarde de pôr de sol.
Corpos frágeis, de gravetos e manteiga.
Erro Fatal. "sanguê, sanguê, sanguê." A multidão de viciados pelo estranho, pelo dantesco, de butuca na porta do inferno, que fica topada, até o céu da boca, de curiosos.
Me lembro da primeira vez que vi um corpo morto, eu chegava da escola, também pôr do sol, o ônibus parou num trânsito, já estava perto de casa, a maioria desce pra ir andando, cruzamos a ponte onde uma multidão embrulhava um escultura de aço, muitos faróis, lanternas, o azul celeste só restava junto ao laranja no topo da barreira, e entre pernas e bundas eu vi ele sentado, com a cabeça descançada no volante. não fazia a ligação entre aquilo e alguém, era como a nova atração do circo, "orgulhosamente apresentamos, um morto". Um ser, uma entidade, com identidade de morto.
Dessa vez me esforcei pra ver vida pro trás da lona. O que ele devia pensar? Do quê ele gostava de fazer? Ele era um bom contador de piadas? Ele cuidava da mãe? Ele gostava de ler?
Que vida se depõe naquele morto. Os parentes chegam. Apenas uma chora. Qual o aprendizado do morto no segundo da morte?
Crio um personagem, imagino uma vida, e mato.
Chego em Vitória 12 da noite. Sou recebido por Elisa.
Vila Velha não é velha, praia bunita de gente e prédios novos.
A penumbra entre a Bahia e o Rio.
Sorrio.
sábado, 12 de abril de 2008
Mais um pouco do Sul da Bahia e de melancolia
Bom, muito bom o sul da Bahia.
De Ilhéus à Barra de Caravelas, onde hoje estou.
BA001. Rota do Descobrimento. Pico véio. Cantos dos nativos e desbravadores.
Me impressiona, como um dos lugares mais antigos em contato com os desbravasugadores, pode permanecer em tão bom estado. Os condomínios avançam, o gado também e os tais Eucalipitais vem com força. Não sei quanto tempo vai demorar.
Em Caraíva o turismo hiper valorizou as coisas, ao ponto de os moradores antigos ter que comer um nó dobrado pra poder comer de verdade. A pesca ainda se mantêm forte, tive a chance de passar na época das tainhas, que são pescadas de tarrafa(rede de mão) e os pescadores ficam na beira do mar olhando as ondas com olhos de caça e rede na agulha, quando avistam o cardume é correria e tchau, de uma tarrafada bem feita pegam de 8 a 15 tainhas, bunito de se ver.
Mas o arroz, o feijão e os produtos industrializados, já necessários, vêm com tarifa pra gringo.
Porém os gringos são a base econômica da maioria desses lugares, tudo é para pouso, tudo está à venda.
Tive sorte de ter encontrado Juva(o garoto que me deu abrigo em Caraíva), pois com ele tive a chance de ver mais de perto aqueles que moram ali a muitas gerações. Os cinco reais que me cobrou não pagaram a hospitalidade e a atenção que me deram, simples, sem energia elétrica, me deram saudade das noites que faltava luz e a familia se aproximava.
O filho do meio João Pão, foi o que mais me acompanhou, falei que era desenhista e tal e ele se mostrou fã de desenho animado, sabe tudo, mas com o olhar simples do distanciamento.
Todos me fizeram sentir a sensação do português, com meus mp3, barraca(um dos pequenos me disse:"você vai dormir ai? é muito bonito!"), mochilas. Outros já passaram por ali, mas a estranheza deve ser a mesma. Quando disse pra Juva sobre o previlégio que é morar ali, ele olha pra mim com desdêm e diz "tô ligado", como "vocês sempre dizem isso, mas o dia a dia é duro". Eles têm um terreno de mais ou menos 10 mil metros quadrados, na frente do mar, com água de poço, plantam várias coisas, côco, mangaba, mandioca... mas a sensação de falta tá no rosto. Eles querendo ser agente, e agente querendo ser eles. Ainda me pertuba.
Mas vamos nessa, descendo enquanto a subida não chega.
Passei por vários cemitérios, de pessoas, de árvores, de coisas que agente faz...
"A liberdade serve a morte" é uma frase que tem me acompanhado.
Quando escutei a primeira vez guardei, e só vim entendê-la pelo caminho.
Nunca gostei de usar a palavra liberdade, não lembro de dizer "quero ser livre", sempre fui simpático à rotina e as certezas, uns chamam de inércia, preguiça, mas pra mim é permanência, sempre fui tendido a permanecer, o problema vem quando pra permanecer você tem que mudar. Sempre fui do discurso mecânico "faça amor não faça a guerra". Hoje eu perdôo os que fazem guerra. com causa, sem causa, mas todos por uma necessidade física de serem o que nasceram pra ser. guerreiros. e também perdoando os estão sentados, criando limo como diz o do pantanal, mas limo é vida, ou seja o nada, a não ação sempre vai ser uma ação. Você pode guerria-lá. Incoerências. Sempre fui das coerências, conscientemente. Luz, conhecimento, quanto disso é necessário para se saciar, existe satisfação?
Em tempos de guerra a fé é a arma mais potente. Neguinho se mata por ela. "Acreditar no produto" foi a maxima que me disse o mundo capitalista. Ele está errado por isso. Seja ele pra conseguir ter voz apropriada. "Porquanto como conhecer as coisas senão sendo-as." Jorge de Lima. Tenho visto que paz é uma situação tão importante como a guerra, tudo que existe é importante para sua própria existência. Como se julga uma existência? O quanto de existência deve existir. Quais existências devem existir. As mono, as poli...
Ainda não sei, ao certo, onde estou nessa guerra, ou nessa paz. Mas venho aprendendo a perdoar as existências, ou seja tenho vivido mais em paz do que em guerra, porém sei que haverá o momento em que colocarão em jogo minha existência, e isso quer dizer tudo que acredito, minha família, meus amigos, a garça torta, nesse momento é que vem o chamado, e agente se mexe, porém tudo naturalmente. Quem é forte e intenso, pisa com o pé na porta, quem é sedutor negocia, quem é frágil e ardiloso..... Agindo de acordo com nossa "propriedade", sem culpa, ou com ela se assim for. hehe
Cumuruxatiba foi a praia mais bonita que vi no caminho, só perdendo pra "Garça", heheh.
Falando sério "Cumuru" é daqueles lugares com traços perfeitos e composição ideal. O homem tenta estragar as vezes, mas esse é daqueles picos que agente vai ter muito trabalho pra detonar.
Lá reencontrei com Duca, um ex morador da Garça, me apresentou um Mirante que me deu a noção divina do lugar. Fiquei num camping chamado Aldeia da Lua, recomendo, com direito a represa de rio com cascata e um área gigante por 10 conto. Limpeza.
Fiquei 2 dias. Estou com pressa.
Lembrei que deixei a panela no fogo, mas ainda dá pra ver mais uns dez dias de lugares.
O dinheiro é pouco e a competência pra fazer amigos também.
Vou rumando, lembrando da família.
Ontem chegei a Caravelas, jornada diferente, minha bike quebrou o rolamento à 20 km da chegada. Fui andando com o dedão olhando para caminhonetes e caminhões. Mas eles nem aí pra meu suor. "Ah tão pertinho, ele deve tá brincando!". Minha tristeza era não poder gritar, "mas é que eu já pedalei 75 km"...
Eu queria ter ido até Barra de Caravelas, mas cheguei em caravelas já eram 6 da noite, tive que ficar, até lá ainda tinha mais 15 km. Pouso barato e com cama. Pousada Beco de Shangrilá. Foi Aqui. 15 conto com café da manhã foi tentador, chuveiro quente e coisa e tal. Cara de pensão do centro. Só vi uma mulher, até agora, a circular pela pousada e era uma vizinha.
A cidade não gostei. Ou talvez seja meu olhar que já esteja cansado.
Amanhã vou para Vitória de busão. Pular o norte dos Eucalipitais da Aracruz do Espirito Santo.
Depois vou pedalar até Guarapari, depois Neves e depois Campos, em seguida ver possibilidade de ônibus até Rio das Ostras e pedalar até Saquarema e por fim o Rio, que já decidi ser a bandeira quadriculada, Sampa de busão. Serra do Mar, sul do Rio e norte de São Paulo só quando Diogo comprar um barco e por a familia, heheh. Por falar nisso, me lembrei que a travessia do rio Corumbal fiz num barco chamado Diógo, e com acento mesmo.
até o próximo computa dor.
"Meu tempo é" amanhã, seja pra vida, seja morte.
De Ilhéus à Barra de Caravelas, onde hoje estou.
BA001. Rota do Descobrimento. Pico véio. Cantos dos nativos e desbravadores.
Me impressiona, como um dos lugares mais antigos em contato com os desbravasugadores, pode permanecer em tão bom estado. Os condomínios avançam, o gado também e os tais Eucalipitais vem com força. Não sei quanto tempo vai demorar.
Em Caraíva o turismo hiper valorizou as coisas, ao ponto de os moradores antigos ter que comer um nó dobrado pra poder comer de verdade. A pesca ainda se mantêm forte, tive a chance de passar na época das tainhas, que são pescadas de tarrafa(rede de mão) e os pescadores ficam na beira do mar olhando as ondas com olhos de caça e rede na agulha, quando avistam o cardume é correria e tchau, de uma tarrafada bem feita pegam de 8 a 15 tainhas, bunito de se ver.
Mas o arroz, o feijão e os produtos industrializados, já necessários, vêm com tarifa pra gringo.
Porém os gringos são a base econômica da maioria desses lugares, tudo é para pouso, tudo está à venda.
Tive sorte de ter encontrado Juva(o garoto que me deu abrigo em Caraíva), pois com ele tive a chance de ver mais de perto aqueles que moram ali a muitas gerações. Os cinco reais que me cobrou não pagaram a hospitalidade e a atenção que me deram, simples, sem energia elétrica, me deram saudade das noites que faltava luz e a familia se aproximava.
O filho do meio João Pão, foi o que mais me acompanhou, falei que era desenhista e tal e ele se mostrou fã de desenho animado, sabe tudo, mas com o olhar simples do distanciamento.
Todos me fizeram sentir a sensação do português, com meus mp3, barraca(um dos pequenos me disse:"você vai dormir ai? é muito bonito!"), mochilas. Outros já passaram por ali, mas a estranheza deve ser a mesma. Quando disse pra Juva sobre o previlégio que é morar ali, ele olha pra mim com desdêm e diz "tô ligado", como "vocês sempre dizem isso, mas o dia a dia é duro". Eles têm um terreno de mais ou menos 10 mil metros quadrados, na frente do mar, com água de poço, plantam várias coisas, côco, mangaba, mandioca... mas a sensação de falta tá no rosto. Eles querendo ser agente, e agente querendo ser eles. Ainda me pertuba.
Mas vamos nessa, descendo enquanto a subida não chega.
Passei por vários cemitérios, de pessoas, de árvores, de coisas que agente faz...
"A liberdade serve a morte" é uma frase que tem me acompanhado.
Quando escutei a primeira vez guardei, e só vim entendê-la pelo caminho.
Nunca gostei de usar a palavra liberdade, não lembro de dizer "quero ser livre", sempre fui simpático à rotina e as certezas, uns chamam de inércia, preguiça, mas pra mim é permanência, sempre fui tendido a permanecer, o problema vem quando pra permanecer você tem que mudar. Sempre fui do discurso mecânico "faça amor não faça a guerra". Hoje eu perdôo os que fazem guerra. com causa, sem causa, mas todos por uma necessidade física de serem o que nasceram pra ser. guerreiros. e também perdoando os estão sentados, criando limo como diz o do pantanal, mas limo é vida, ou seja o nada, a não ação sempre vai ser uma ação. Você pode guerria-lá. Incoerências. Sempre fui das coerências, conscientemente. Luz, conhecimento, quanto disso é necessário para se saciar, existe satisfação?
Em tempos de guerra a fé é a arma mais potente. Neguinho se mata por ela. "Acreditar no produto" foi a maxima que me disse o mundo capitalista. Ele está errado por isso. Seja ele pra conseguir ter voz apropriada. "Porquanto como conhecer as coisas senão sendo-as." Jorge de Lima. Tenho visto que paz é uma situação tão importante como a guerra, tudo que existe é importante para sua própria existência. Como se julga uma existência? O quanto de existência deve existir. Quais existências devem existir. As mono, as poli...
Ainda não sei, ao certo, onde estou nessa guerra, ou nessa paz. Mas venho aprendendo a perdoar as existências, ou seja tenho vivido mais em paz do que em guerra, porém sei que haverá o momento em que colocarão em jogo minha existência, e isso quer dizer tudo que acredito, minha família, meus amigos, a garça torta, nesse momento é que vem o chamado, e agente se mexe, porém tudo naturalmente. Quem é forte e intenso, pisa com o pé na porta, quem é sedutor negocia, quem é frágil e ardiloso..... Agindo de acordo com nossa "propriedade", sem culpa, ou com ela se assim for. hehe
Cumuruxatiba foi a praia mais bonita que vi no caminho, só perdendo pra "Garça", heheh.
Falando sério "Cumuru" é daqueles lugares com traços perfeitos e composição ideal. O homem tenta estragar as vezes, mas esse é daqueles picos que agente vai ter muito trabalho pra detonar.
Lá reencontrei com Duca, um ex morador da Garça, me apresentou um Mirante que me deu a noção divina do lugar. Fiquei num camping chamado Aldeia da Lua, recomendo, com direito a represa de rio com cascata e um área gigante por 10 conto. Limpeza.
Fiquei 2 dias. Estou com pressa.
Lembrei que deixei a panela no fogo, mas ainda dá pra ver mais uns dez dias de lugares.
O dinheiro é pouco e a competência pra fazer amigos também.
Vou rumando, lembrando da família.
Ontem chegei a Caravelas, jornada diferente, minha bike quebrou o rolamento à 20 km da chegada. Fui andando com o dedão olhando para caminhonetes e caminhões. Mas eles nem aí pra meu suor. "Ah tão pertinho, ele deve tá brincando!". Minha tristeza era não poder gritar, "mas é que eu já pedalei 75 km"...
Eu queria ter ido até Barra de Caravelas, mas cheguei em caravelas já eram 6 da noite, tive que ficar, até lá ainda tinha mais 15 km. Pouso barato e com cama. Pousada Beco de Shangrilá. Foi Aqui. 15 conto com café da manhã foi tentador, chuveiro quente e coisa e tal. Cara de pensão do centro. Só vi uma mulher, até agora, a circular pela pousada e era uma vizinha.
A cidade não gostei. Ou talvez seja meu olhar que já esteja cansado.
Amanhã vou para Vitória de busão. Pular o norte dos Eucalipitais da Aracruz do Espirito Santo.
Depois vou pedalar até Guarapari, depois Neves e depois Campos, em seguida ver possibilidade de ônibus até Rio das Ostras e pedalar até Saquarema e por fim o Rio, que já decidi ser a bandeira quadriculada, Sampa de busão. Serra do Mar, sul do Rio e norte de São Paulo só quando Diogo comprar um barco e por a familia, heheh. Por falar nisso, me lembrei que a travessia do rio Corumbal fiz num barco chamado Diógo, e com acento mesmo.
até o próximo computa dor.
"Meu tempo é" amanhã, seja pra vida, seja morte.
quinta-feira, 10 de abril de 2008
De Canes à Cumuru
Internet pelo miolo do mundo é dificil e cara, portanto, pressa é o ritmo.
Estou em Cumuruxatiba, no municipio de Prado, já perto do findaBahia.
A chegada até aqui foi longa e demorada.
Canavieiras, na minha última postagem, é uma cidade cheia dos belessimentos, tem centro histórico numa beira de rio, tem centro comercial com tudo que se precisa, tem praia de rio e tem praia de mar, e nada disso mais ou menos, só de paraíso.
Minha jornada se reinicia à beira do rio Canavieiras. Cais antigo, com Iates modernos e canoas de tronco único.
Na minha ignorância, a travessia para Belmonte, seria como todas as outras, cerca de alguns minutos para atravessar uma boca de barra. Feliz engano.
Foram 1h e 30 mim de "viagem" pelos braços que ligam os rios Canavieiras ao Jequitinhonha.
Era 7h da manhã, sol as esquerda na altura do ouvido. Verde super saturado, azul de vertigem e chão de água doce. Só o filé.
Nessa, vi uma boa regra pra os tranzeuntes em geral.
"quem provoca onda grande diminui a velocidade ao passar por quem provoca onda pequena."
Os barcos têm um respeito, um pelo outro, que as estradas ainda não aderiram.
Belmonte.
Inicio da "Costa do Descobrimento".
Mugiquiçaba, Guaiú, Santo Antônio, Santo André, Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro.
De Mugiquiçaba à Cabrália é o melhor trecho desse dia, no pedal.
As caras começam a mudar.
Ao invés da negritude, começo a perceber os índios. Em grande massa.
Em Porto Seguro tem toda uma história, beira estrada, para os Pataxós. Museu, feiras etc...
Porém, Porto Seguro é a síntese da Bahia Tipo exportação.
Passei rápido, sem olhar muito pros lados.
Chego em Trancoso bem muído, 8hs e meia de pedal, só parando por alguns minutos.
Vou subindo sem referências de picos. Cheirando a intuição(que estava afiada já tinha uns dias).
Pá, pá, pá, pá. Uma placa aluga-se quartos de uma casa bem humilde, primeiro sinal.
Pá, pá, pá, pá. Segunda placa, CAMPIN, ôpa.
Pá, pá, pá, pá. CUBA CAMPING, AÊEEE.
é ai mermo, e se fidel me receber na porta com um copo de rum, fico um mês.
Fidel, Fidel...
Pousada vazia. Gostei muito do que vi.
Desse um figura, "você já véio aqui."
"não não, um parecido"
Aloisio, maluco beleza tocador de clarineta, front man da BACOS BAND. hehe
Fiquei por quatro dias.
um monte de desenhos, alguns amigos, e muito macarrão com verduras.
Foi massa. Recomendo a todos. CUBA é aqui.
De Trancoso pra Caraíva foi duro. Tudo pela praia, areia fofa e muito peso, praticamente fui andando.
Chego em Caraíva, e antes de cruzar o rio encontro um moleque, Juva.
"Te vi passar por ali", "é mesmo" ...
Assim que passamos o rio numa canoa, pergunto ao mestre canoeiro sobre um camping ou algo do tipo, ele me diz um, mas em seguida Juva retruca, "mas se você quizer pode ficar lá em casa por cinco conto."
Eitá febre do rato que proposta massa. "É mermo".
Juva é Pataxó, e mora a um quilometro do centro de Caraíva.
Seu pai Xaru, sua mãe Cuiuba, Pataxós. A casa deles lembra as ocas da memória mítica, redonda sem paredes. Pequena, só cabe meia familia.
Fiquei na parte de fora abrigado pela barraca do mar.
Foi massa. De noite me serviram Arraia com fubá.
Pelo nascer do sol rumo.
pela praia até Ponta de Corumbau e pela rodagem até aqui.
Estou em Cumuruxatiba, no municipio de Prado, já perto do findaBahia.
A chegada até aqui foi longa e demorada.
Canavieiras, na minha última postagem, é uma cidade cheia dos belessimentos, tem centro histórico numa beira de rio, tem centro comercial com tudo que se precisa, tem praia de rio e tem praia de mar, e nada disso mais ou menos, só de paraíso.
Minha jornada se reinicia à beira do rio Canavieiras. Cais antigo, com Iates modernos e canoas de tronco único.
Na minha ignorância, a travessia para Belmonte, seria como todas as outras, cerca de alguns minutos para atravessar uma boca de barra. Feliz engano.
Foram 1h e 30 mim de "viagem" pelos braços que ligam os rios Canavieiras ao Jequitinhonha.
Era 7h da manhã, sol as esquerda na altura do ouvido. Verde super saturado, azul de vertigem e chão de água doce. Só o filé.
Nessa, vi uma boa regra pra os tranzeuntes em geral.
"quem provoca onda grande diminui a velocidade ao passar por quem provoca onda pequena."
Os barcos têm um respeito, um pelo outro, que as estradas ainda não aderiram.
Belmonte.
Inicio da "Costa do Descobrimento".
Mugiquiçaba, Guaiú, Santo Antônio, Santo André, Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro.
De Mugiquiçaba à Cabrália é o melhor trecho desse dia, no pedal.
As caras começam a mudar.
Ao invés da negritude, começo a perceber os índios. Em grande massa.
Em Porto Seguro tem toda uma história, beira estrada, para os Pataxós. Museu, feiras etc...
Porém, Porto Seguro é a síntese da Bahia Tipo exportação.
Passei rápido, sem olhar muito pros lados.
Chego em Trancoso bem muído, 8hs e meia de pedal, só parando por alguns minutos.
Vou subindo sem referências de picos. Cheirando a intuição(que estava afiada já tinha uns dias).
Pá, pá, pá, pá. Uma placa aluga-se quartos de uma casa bem humilde, primeiro sinal.
Pá, pá, pá, pá. Segunda placa, CAMPIN, ôpa.
Pá, pá, pá, pá. CUBA CAMPING, AÊEEE.
é ai mermo, e se fidel me receber na porta com um copo de rum, fico um mês.
Fidel, Fidel...
Pousada vazia. Gostei muito do que vi.
Desse um figura, "você já véio aqui."
"não não, um parecido"
Aloisio, maluco beleza tocador de clarineta, front man da BACOS BAND. hehe
Fiquei por quatro dias.
um monte de desenhos, alguns amigos, e muito macarrão com verduras.
Foi massa. Recomendo a todos. CUBA é aqui.
De Trancoso pra Caraíva foi duro. Tudo pela praia, areia fofa e muito peso, praticamente fui andando.
Chego em Caraíva, e antes de cruzar o rio encontro um moleque, Juva.
"Te vi passar por ali", "é mesmo" ...
Assim que passamos o rio numa canoa, pergunto ao mestre canoeiro sobre um camping ou algo do tipo, ele me diz um, mas em seguida Juva retruca, "mas se você quizer pode ficar lá em casa por cinco conto."
Eitá febre do rato que proposta massa. "É mermo".
Juva é Pataxó, e mora a um quilometro do centro de Caraíva.
Seu pai Xaru, sua mãe Cuiuba, Pataxós. A casa deles lembra as ocas da memória mítica, redonda sem paredes. Pequena, só cabe meia familia.
Fiquei na parte de fora abrigado pela barraca do mar.
Foi massa. De noite me serviram Arraia com fubá.
Pelo nascer do sol rumo.
pela praia até Ponta de Corumbau e pela rodagem até aqui.
quinta-feira, 3 de abril de 2008
Do Salvador à Canavieiras
Salvador é uma cidade linda.
Não foi à tôa que os primeiros "malhandrus" que nas terras de cá aportaram, fizeram base por aqui.
Muita coisa bunita. Agora eu sei porque Pernambucanos são arretados com "salvadorenses", eles tem o mar que Recife queria ter.
Aqui conheci a Lambreta, que tanto ouvi falar pelo Sergipe, uma espécie de marisco, simples, bom e caro(vem muito pouco, ou comi no lugar errado).
Fiquei no Stela Maris, um bairro ao norte, já limite com Lauro de Freitas. Na casa de Rafael, o qual fico grato pela acolhida e atenção, grato também a Lola, Pedro, Lucas, Rebeca e Wanda pela paciência com um intruso no escritório. Valeu.
Sai de lá na segunda de manhã, recuperado e curioso.
Pedalei 30km até o ferryboat(ou balsa, lá eles tem dessas frecuras também).
Moraria fácil. Ladeiras perto do mar é mirante a cada esquina.
O que me incomodou é a tendência das novas moradias serem em condôminios super protegidos.
A cidade tem uma centena desses. Muros altos e calçadas pequenas.
O ferryboat foi uma grande experiência marítma, foi o maior barco que já andei. Tem 4 andares, duas lanchonetes, televisões, cadeiras de ônibus e muita gente. uns trinta minutos andando como bêbado.
Desci em Bom Despacho(gosto de nomes objetivos), lá tem um pequena rodoviária que conecta as pequenas cidades no entorno, quero ir para Ilhéus, porém, ônibus pra lá só no outro dia. Resolvo, com a ajuda de Suelen, a despachante, ir para Itabuna.
Fiquei na rodoviária de 14:30 à 19:40, deu pra desenhar um bucado e comer uma macaxeira com carne de sol.
Chegamos em Itabuna às 01:30 da madruga, rodoviária tranquila, com trecho fechado para a parte externa, onde eu e mais uma duzia de pessoas passamos a madrugada.
Um crente, um gringo, um surfista, um senhor motorista de trator, a atendente da lanchonete e mais alguns dorminhocos. Um café, tv, conversas. Nesta noite vi no jô soares uma entrevista com uma florzinha, malu magalhães, desenrolada a menina.
Sol de chegada.
Eu de rumo.
Saio de Itabuna com o sol ainda trás dos montes, e a cidade já pondo a cara pra fora.
Friozinho, nuvens, fumaça do café no carrinho da esquina, tudo me lembrava são paulo.
Feliz encontro com o rio cachoeiras que corta a cidade e segue beirar estrada até Ilhéus. Rio caudaloso e com pedras. Bunito.
Conheci uma cerejeira florida nesta manhã. Sonho.
Quando começo a pegar o fim da cidade o dono do dia aparece. E vai comigo até Ilhéus a me olhar no olho.
Sol como norte, rio como corrimão. ladeira abaixo.
duas ou três subidinhas maneiras.
O caminho me lembra minas. Muito pasto, cheiro do fim do gado. neblina leve ao longe.
Moeda, Conselheiro Lafaiete, São João Del Rey... ê trem bão.
Ilhéus.
Chego as 7:30. 36km depois.
Lembro do pai. por onde será que andou. onde eu estou na genética desta cidade.
Gostei de tudo que vi. Cidade de rioimar. Gosto muito disso.
O centro velho fica na quina, como algumas bananas. Rodo, rodo, tiro dinheiro, rodo, rodo.
A cidade teimava em não acordar, peguei rumo às 8:30.
Uma hora de Ilhéus foram suficientes pra saber que eu moraria fácil.
Destino Olivença.
Estrada tranquila, lembra muito Alagoas.
Fui na intuição, o guia de praias que me guia dizia que no Jeiri e em Backdoor tem camping, porém o guia é de 95(hehe).
Mas estava certo que ia encontrar o pico certo.
Num rabo de olho vejo, por entre uma rua estreita de barro que liga a estrada ao mar, vi um banco debaixo de uma amendoeira, mãos e pernas me conduziram pra uma parada por ali.
10 e pouca da manhã e mais 30 km pecorridos, num total 66.
o banco ficava de costas pra uma pousada, simples e meio sucatiada, do jeito que espero.
Lourdes varria a varanda. uma idéia trocada. um pouso certo.
15 conto a diaria. sem café mas com direito à água de côco.
Tirei o dia pra ficar na água, chuveu um tanto.
Almocei manga, maça e laranja.
Fim de tarde fui dar uma banda no centro de Olivença. Moraria fácil.
Sono me pega cedo, 7 horas to de capote.
Sonho à fole. de cachoeira em chão de pedra.
Acordei com o sol.
Arrumar as coisas e rumar.
Roberto(dono da pousada), diz conhecer maceió, diz que o filho já fez uma grande caminhada, diz que tá lá a doze anos, mas que é de Ilhéus, diz um bucado de coisa, me dá uns conselhos sobre os trechos do Una e de Belmonte, e diz... até eu dizer "falou véio, até".
Jetrho Tull no mp3, vou motorizado por Ian Anderson.
De Olivença pro Una são 45km, mas meu desejo era saber se conseguiria fazer a travessia do rio por baixo, pois a estrada dá uma distanciada do mar de 20km.
Não rolou, a entrada para Pedras do Una(trecho separado pelo rio Una de Comandatuba)fui pelo trecho maior.
Chegando no centro, busquei uma sombra.
Poucas árvores, fui prum posto de gasolina. Tati gentilmente me fez companhia.
Frentista pra felicidade de motorista. Frutas, bolachas e água.
Tati foi trabalhar. Chega seu Domingos.
Eletricista, que presta serviço pro dono do posto.
"de onde vem companheiro?" "é longe!"
"morei aqui minha vida toda, a não ser por cinco anos"
"são paulo"
"ehhh! lá consegui fazer dinheiro... cinco anos de trabalho duro, mas cheguei aqui com mais de milhão"
"hoje só tenho essa maleta com minhas ferramentas."
Seu Domingos me deu muita atenção, e contou muita coisa. Fui um ouvido feliz.
Uma hora de descanço e parto.
Ele me diz que ainda tenho uns doze quilômetros de ladeiras até Comandatuba e mais uns 30 até Canavieiras.
Já com as pazes feitas com as ladeiras, vou sereno.
Minha sorte é que as maiores eram pra descer.
pedalpedalpedalpedal...
uma fonte de água mineral, de grátis, só alegria.
pedalpedalpedalpedalpedal...
uma ladeira cruel. no topo vejo uma casa. na frente um homem e uma mulher a desfiar palha.
Sombra me convida.
"oba" "oba" "Canavieiras ainda tá distante?" "unsss...24km."
puta merda a 2 horas que me dizem faltar e vinte e poucos km.
Água, vento, respiro dou um tempo.
O homem diz:
"o vento sul tá danado num tá"
- ôH! a mais de dez dias que só pego contra.
"porque o senhor num faz como a folha"
- como assim, ficar encolhido.
"não , não"
Nessa hora, ele se levanta pra me explicar a ciência que não tive.
"volte de onde véio e espere até setembro, outubro pra descer, que ai o senhor pega o vento norte."
"o negoço é ir pro norte quando o vento é sul e ir pro sul quando o vento é norte"
peueieieieieimmmm.
40 mim de prosa elevada. Galêgo saiu do interior de Pernambuco a 30 anos, ninguém de sua familia tem seu norte.
"o que eu quero é que ninguém me atente."
Estou em Canavieiras desde ontem, parto amanhã de barco até Belmonte e sigo de camelo até Trancoso.
Canavieiras cidadezinha de fuder, rioimar também.
pousadinha 15 conto. também na cara do mar.
Moro fácil fácil fácil.
hoje me veio:
olhar o movimento é olhar o mover do tempo.
Não foi à tôa que os primeiros "malhandrus" que nas terras de cá aportaram, fizeram base por aqui.
Muita coisa bunita. Agora eu sei porque Pernambucanos são arretados com "salvadorenses", eles tem o mar que Recife queria ter.
Aqui conheci a Lambreta, que tanto ouvi falar pelo Sergipe, uma espécie de marisco, simples, bom e caro(vem muito pouco, ou comi no lugar errado).
Fiquei no Stela Maris, um bairro ao norte, já limite com Lauro de Freitas. Na casa de Rafael, o qual fico grato pela acolhida e atenção, grato também a Lola, Pedro, Lucas, Rebeca e Wanda pela paciência com um intruso no escritório. Valeu.
Sai de lá na segunda de manhã, recuperado e curioso.
Pedalei 30km até o ferryboat(ou balsa, lá eles tem dessas frecuras também).
Moraria fácil. Ladeiras perto do mar é mirante a cada esquina.
O que me incomodou é a tendência das novas moradias serem em condôminios super protegidos.
A cidade tem uma centena desses. Muros altos e calçadas pequenas.
O ferryboat foi uma grande experiência marítma, foi o maior barco que já andei. Tem 4 andares, duas lanchonetes, televisões, cadeiras de ônibus e muita gente. uns trinta minutos andando como bêbado.
Desci em Bom Despacho(gosto de nomes objetivos), lá tem um pequena rodoviária que conecta as pequenas cidades no entorno, quero ir para Ilhéus, porém, ônibus pra lá só no outro dia. Resolvo, com a ajuda de Suelen, a despachante, ir para Itabuna.
Fiquei na rodoviária de 14:30 à 19:40, deu pra desenhar um bucado e comer uma macaxeira com carne de sol.
Chegamos em Itabuna às 01:30 da madruga, rodoviária tranquila, com trecho fechado para a parte externa, onde eu e mais uma duzia de pessoas passamos a madrugada.
Um crente, um gringo, um surfista, um senhor motorista de trator, a atendente da lanchonete e mais alguns dorminhocos. Um café, tv, conversas. Nesta noite vi no jô soares uma entrevista com uma florzinha, malu magalhães, desenrolada a menina.
Sol de chegada.
Eu de rumo.
Saio de Itabuna com o sol ainda trás dos montes, e a cidade já pondo a cara pra fora.
Friozinho, nuvens, fumaça do café no carrinho da esquina, tudo me lembrava são paulo.
Feliz encontro com o rio cachoeiras que corta a cidade e segue beirar estrada até Ilhéus. Rio caudaloso e com pedras. Bunito.
Conheci uma cerejeira florida nesta manhã. Sonho.
Quando começo a pegar o fim da cidade o dono do dia aparece. E vai comigo até Ilhéus a me olhar no olho.
Sol como norte, rio como corrimão. ladeira abaixo.
duas ou três subidinhas maneiras.
O caminho me lembra minas. Muito pasto, cheiro do fim do gado. neblina leve ao longe.
Moeda, Conselheiro Lafaiete, São João Del Rey... ê trem bão.
Ilhéus.
Chego as 7:30. 36km depois.
Lembro do pai. por onde será que andou. onde eu estou na genética desta cidade.
Gostei de tudo que vi. Cidade de rioimar. Gosto muito disso.
O centro velho fica na quina, como algumas bananas. Rodo, rodo, tiro dinheiro, rodo, rodo.
A cidade teimava em não acordar, peguei rumo às 8:30.
Uma hora de Ilhéus foram suficientes pra saber que eu moraria fácil.
Destino Olivença.
Estrada tranquila, lembra muito Alagoas.
Fui na intuição, o guia de praias que me guia dizia que no Jeiri e em Backdoor tem camping, porém o guia é de 95(hehe).
Mas estava certo que ia encontrar o pico certo.
Num rabo de olho vejo, por entre uma rua estreita de barro que liga a estrada ao mar, vi um banco debaixo de uma amendoeira, mãos e pernas me conduziram pra uma parada por ali.
10 e pouca da manhã e mais 30 km pecorridos, num total 66.
o banco ficava de costas pra uma pousada, simples e meio sucatiada, do jeito que espero.
Lourdes varria a varanda. uma idéia trocada. um pouso certo.
15 conto a diaria. sem café mas com direito à água de côco.
Tirei o dia pra ficar na água, chuveu um tanto.
Almocei manga, maça e laranja.
Fim de tarde fui dar uma banda no centro de Olivença. Moraria fácil.
Sono me pega cedo, 7 horas to de capote.
Sonho à fole. de cachoeira em chão de pedra.
Acordei com o sol.
Arrumar as coisas e rumar.
Roberto(dono da pousada), diz conhecer maceió, diz que o filho já fez uma grande caminhada, diz que tá lá a doze anos, mas que é de Ilhéus, diz um bucado de coisa, me dá uns conselhos sobre os trechos do Una e de Belmonte, e diz... até eu dizer "falou véio, até".
Jetrho Tull no mp3, vou motorizado por Ian Anderson.
De Olivença pro Una são 45km, mas meu desejo era saber se conseguiria fazer a travessia do rio por baixo, pois a estrada dá uma distanciada do mar de 20km.
Não rolou, a entrada para Pedras do Una(trecho separado pelo rio Una de Comandatuba)fui pelo trecho maior.
Chegando no centro, busquei uma sombra.
Poucas árvores, fui prum posto de gasolina. Tati gentilmente me fez companhia.
Frentista pra felicidade de motorista. Frutas, bolachas e água.
Tati foi trabalhar. Chega seu Domingos.
Eletricista, que presta serviço pro dono do posto.
"de onde vem companheiro?" "é longe!"
"morei aqui minha vida toda, a não ser por cinco anos"
"são paulo"
"ehhh! lá consegui fazer dinheiro... cinco anos de trabalho duro, mas cheguei aqui com mais de milhão"
"hoje só tenho essa maleta com minhas ferramentas."
Seu Domingos me deu muita atenção, e contou muita coisa. Fui um ouvido feliz.
Uma hora de descanço e parto.
Ele me diz que ainda tenho uns doze quilômetros de ladeiras até Comandatuba e mais uns 30 até Canavieiras.
Já com as pazes feitas com as ladeiras, vou sereno.
Minha sorte é que as maiores eram pra descer.
pedalpedalpedalpedal...
uma fonte de água mineral, de grátis, só alegria.
pedalpedalpedalpedalpedal...
uma ladeira cruel. no topo vejo uma casa. na frente um homem e uma mulher a desfiar palha.
Sombra me convida.
"oba" "oba" "Canavieiras ainda tá distante?" "unsss...24km."
puta merda a 2 horas que me dizem faltar e vinte e poucos km.
Água, vento, respiro dou um tempo.
O homem diz:
"o vento sul tá danado num tá"
- ôH! a mais de dez dias que só pego contra.
"porque o senhor num faz como a folha"
- como assim, ficar encolhido.
"não , não"
Nessa hora, ele se levanta pra me explicar a ciência que não tive.
"volte de onde véio e espere até setembro, outubro pra descer, que ai o senhor pega o vento norte."
"o negoço é ir pro norte quando o vento é sul e ir pro sul quando o vento é norte"
peueieieieieimmmm.
40 mim de prosa elevada. Galêgo saiu do interior de Pernambuco a 30 anos, ninguém de sua familia tem seu norte.
"o que eu quero é que ninguém me atente."
Estou em Canavieiras desde ontem, parto amanhã de barco até Belmonte e sigo de camelo até Trancoso.
Canavieiras cidadezinha de fuder, rioimar também.
pousadinha 15 conto. também na cara do mar.
Moro fácil fácil fácil.
hoje me veio:
olhar o movimento é olhar o mover do tempo.
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